Não vá você levar um farol a um mundo de sombras.
No máximo, lance por lá um pouco de luz,
e quem quiser luz seguirá rumo ao farol.”
Augusto Branco – poeta e escritor brasileiro
Jogar luz nas sombras não é uma tarefa delicada. Na arqueologia de nós mesmos, é uma das jornadas mais complexas, onde demanda escavação contínua e dores nos punhos, pois são nas sombras que encontramos os fósseis inconscientes e menos explorados da nossa personalidade. Esses aspectos incluem desejos, impulsos, memórias reprimidas, instintos e características negativas que a pessoa não reconhece ou nega em si mesma.
Sim, na sombra há uma negação sobre o que se é de verdade. E qual é a verdade? Essa verdade construímos por toda a nossa vida e representa a parte oculta, muitas vezes negada, de nós mesmos. Quando a sombra emerge, há uma emergência em reconhecer e integrar a sombra, o que é essencial para o desenvolvimento pessoal e a individuação, que é o processo de tornar-se um indivíduo completo e autêntico.
E o que acontece se não integrarmos as nossas sombras? Ao negar a sombra e reprimir seus aspectos, corremos o risco de projetá-la em outras pessoas, ferindo nosso relacionamento e corremos o risco de acreditar apenas em partes numinosas nossas, e nos levando para um lugar de profundo engano, onde somos apenas luz e bondade.
Para isso devemos confrontar nossas sombras, compreende-las em sua essência, identificar do que estamos nos defendendo, aceitá-las e trabalhar para integrá-las em nossa personalidade consciente de forma íntegra, ou seja, por inteiro. Somente ao lidar com a sombra de forma consciente e construtiva podemos alcançar o balanço de si.