E que denuncia é essa?

 

É ele quem denuncia aquilo que existe em nossa totalidade. 

 

Tudo que está no nosso consciente e também em nosso inconsciente, a nossa essência e o que há de mais profundo em nosso eu de verdade. Nossa alma não está separada de nosso corpo e é por isso que o corpo exerce o lugar de denúncia daquilo que está bem alocado, que está deslocado, das nossas dores e dos nossos amores. É o corpo quem revela, de forma quase oracular, as informações sobre nossas emoções e comportamentos.

 

Na mitologia nagô-iorubá temos um orixá que é muito demonizado, chamado Exu. Demonizado pela ignorância. Pela repressão cristã e pelo medo de darem voz demais ao corpo.

 

Exu é a representação da energia vital que percorre o corpo humano, sendo o grande mensageiro entre o nosso inconsciente e nosso consciente. É com a mensagem que Exu é visto como um agente de transformação e equilíbrio que atua nos aspectos materiais e físicos da existência. Exu também é impulso instintivo, uma força criativa e uma expressão da vitalidade e da força de vida presentes no corpo. 

 

Então podemos dizer que Exu nos denuncia. É ele quem carrega em seu ogó a possibilidade do corpo ter vida… e a vida nos denuncia, não é mesmo? A vida nos leva, frequentemente, a um lugar de intensa reflexão das denúncias de nós mesmos. Essa reflexão nada mais é do que um processo de equilíbrio e transformação que passamos, onde precisamos enfrentar e integrar diferentes aspectos de nós mesmos, incluindo aqueles que são considerados sombrios, instintivos ou reprimidos.

 

Então podemos dizer que o corpo nos denuncia, essa denúncia nos leva a integrar o que está descompassado e é nessa passada larga que nos integramos e vivemos escutando nosso corpo e racionalizando com a mente.