Querer ser perfeito não é problema nenhum.
1. É natural querermos mostrar o que há de melhor em nós. O cuidado que devemos tomar é o de não viver uma vida de faltas.
Quando vivemos a falta somos rondados por um grande tirano interno, que vigia e pune tudo o que fazemos, pensamos e até sentimos.
2. Se a sua motivação em ser perfeito é por causa do outro, tenha um cuidado maior ainda, pois você vai viver o que é de fora e vai esquecer o que existe dentro.
3. Agora se você quer ser perfeito para celebrar um pouco da sua vida, pois o que te ronda é a morte, não se culpe. Com tudo o que vem acontecendo no Brasil e no mundo é natural querermos acertar, pois estamos lidando com sombras da nossa sociedade. Não se responsabilize por querer externar o que há de bom em você, mas não se pressione.
O pulo do gato é ser seu eu-real: aquele completo e não perfeito. Aquele que assume as sombras e a luz e faz de si um ser total e paradoxalmente incompleto.
A vida deve ser festiva. Não no sentido de “sempre encontrar algo bom” ou “buscar pela alegria em tudo e todos”, mas no sentido do que a palavra festa nos traz: uma reunião de pessoas com fins recreativos.
Sim. Nós somos uma reunião de pessoas que formam um só, único, indivíduo perdido em si mesmo.
Sim, a vida é uma festa no sentido de nos reunirmos com todos que existem dentro de nós, aprender a lidar com o que há de raivoso em nós, não o escondendo, mas permitindo que a raiva movimente a sua própria auto estima. Compreendendo que no mesmo poço de raiva se encontra a criança alegre e um tanto mimada que busca o colo e olhares alheios que acalenta e aceitam. E nesse mesmo poço se tem um velho cheio de saberes e também uma jovem se aventurando nisso que chamamos de vida-festa.
Na festa todos se reúnem, todos brincam, todos transitam sem o desespero de querer cobrir o que falta, mas partilhando da pouca fartura que se há no interior. A vida é festa, a vida é na fresta, no olhar das pequenices e no insondável que é o coração.
Todos estão brincando na sua festa?